terça-feira, 30 de agosto de 2011

Porque gritamos?




Porque gritamos?

Um dia, um pensador indiano fez a seguinte pergunta aos seus discípulos:
"Porque é que as pessoas gritam quando estão aborrecidas?"
"Gritamos porque perdemos a calma", disse um deles.
"Mas, por que gritar quando a outra pessoa está ao seu lado?"

Questionou novamente o pensador.
"Bem, gritamos porque desejamos que a outra pessoa nos ouça", retrucou outro discípulo.

E o mestre volta a perguntar:
"Então não é possível falar-lhe em voz baixa?" Várias outras respostas surgiram,
mas nenhuma convenceu o pensador

Então ele esclareceu:

"Vocês sabem porque se grita com uma pessoa quando se está aborrecido?"
O facto é que, quando duas pessoas estão aborrecidas, os seus corações
afastam-se muito.
Para cobrir esta distância precisam gritar para poderem escutar-se mutuamente.

Quanto mais aborrecidas estiverem, mais forte terão que gritar para se ouvirem um
ao outro, através da grande distância. Por outro lado, o que sucede quando duas pessoas
estão apaixonadas? Elas não gritam. Falam suavemente. E por quê? Porque os seus corações estão
muito perto. A distância entre elas é pequena. Às vezes os seus corações estão tão
próximos, que nem falam, somente sussurram. E quando o amor é mais intenso, não necessitam
sequer de sussurrar, apenas se olham, e basta. Os seus corações entendem-se.

É isso que acontece quando duas pessoas que se amam estão próximas."

Por fim, o pensador conclui, disse:

"Quando vocês discutirem, não deixem que os vossos corações se afastem, não digam palavras
que os distanciem mais, pois chegará um dia em que a distância será tanta que não mais
encontrarão o caminho de volta".

Mahatma Gandhi
Foto da net

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Não sei quantas almas tenho...



Não sei quantas almas tenho

Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem achei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,

Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem,
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: <>
Deus sabe, porque o escreveu.

Fernando Pessoa

Foto da net