terça-feira, 26 de maio de 2009

Chuva em mim...

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Caldas da Rainha:Parque D.Carlos I




Importuna e plácida…
Esta chuva que se esbate sobre mim.
Lava a alma, cala a sede
Que se vem entoando desde Abril.
Afigura-se como o sol da época,
Irradiando a imaculada fúria dos céus!
Exclama o azul profundo e tenebroso,
Que alegórico mas ditoso,
Impõe a melancolia de quem o julga assim…
A beleza esconde-se calada
À espera dos que a sabem descobrir.
Ver e tão-somente difícil
Que aqueles que a julgam pressentir
São atirados no tempo
Do tempo que meramente deixou de existir…

A chuva é fugaz e impessoal.
Mas quem não deseja ser assim?
Porque as angústias elevam-me à tristeza
E a tristeza dita agora parte de mim!
E olho em direcção deste vasto céu,
Procurando vislumbrar os mesmos sinais de ti.
E o medo apodera-se de mim
Porque sei que a chuva deixou de cair…

Dante

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sábado, 23 de maio de 2009

Amor : sonho

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Praia Ribeira D,Ilhas-Ericeira



Amor: SONHO


Amor

Sonho, nós só damos conta dele depois de acordar, depois que ele acabou... E fica-nos aquela vontade de sonhar mais um bocadinho.

Existem pessoas que são um sonho. Um sonho pela qual nós dormiriamos a vida inteira.

Mas o destino vem e acorda-nos violentamente... E leva-nos aquele sonho tão bom...

Existem pessoas que são estrelas. Doces luzes que enfeitam e iluminam as noites escuras das nossas vidas. Mas vem o amanhecer e rouba-nos com toda a sua claridade aquela estrela tão linda.

Existem pessoas que são flores. Belezas discretas que alegram o nosso caminho. Mas com o tempo, as flores murcham, e enchem-nos de saudades da sua cor e do seu perfume.

Existem finalmente, as pessoas que são simplesmente amor. Um amor doce como o mel de uma flor... Que desabrochou numa estrela e que veio até nós num lindo sonho!

E ainda bem que são amor, porque flores, estrelas ou sonhos, mais cedo ou mais tarde, terminam... Mas o amor....



Maria
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segunda-feira, 18 de maio de 2009

Tarde no mar...

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Portimão

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Tarde no mar

A tarde é de oiro rútilo: esbraseia.
O horizonte: um cacto purpurino.
E a vaga esbelta que palpita e ondeia,
Com uma frágil graça de menino,

Pousa o manto de arminho na areia
E lá vai, e lá segue o seu destino!
E o sol, nas casas brancas que incendeia,
Desenha mãos sangrentas de assassino!

Que linda tarde aberta sobre o mar!
Vai deitando do céu molhos de rosas
Que Apolo se entretém a desfolhar...

E, sobre mim, em gestos palpitantes,
As tuas mãos morenas, milagrosas,
São as asas do sol, agonizantes...

Florbela Espanca


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domingo, 10 de maio de 2009

Elvas









Algumas fotos da linda Cidade de Elvas.


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quarta-feira, 6 de maio de 2009

Lisboa






Fotos tiradas no dia 25 de Maio de 2008 no dia da Corrida da Mulher em que também participei.

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sexta-feira, 1 de maio de 2009

Entre o sono e sonho...


Poema
Entre o Sono e Sonho



Entre o sono e sonho,
Entre mim e o que em mim
É o quem eu me suponho
Corre um rio sem fim.

Passou por outras margens,
Diversas mais além,
Naquelas várias viagens
Que todo o rio tem.

Chegou onde hoje habito
A casa que hoje sou.
Passa, se eu me medito;
Se desperto, passou.

E quem me sinto e morre
No que me liga a mim
Dorme onde o rio corre —
Esse rio sem fim.

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"